quarta-feira, 22 de junho de 2011




Você já ouviu falar de “crente pavão”? Algo assim é possível, porque apelidar é algo muito natural para nós brasileiros. Alguns apelidos são inofensivos, outros não. Alguns captam alguma característica física do tipo, um olhar, o modo de falar, o andar etc. Há apelidos que mais parecem uma forçação; mas a grande maioria tem semelhança com algo na pessoa. É o que julgam do apelidado “Crente Pavão”!

(1) Anda sempre com a postura de “rei”;
(2) É averiguador em tudo e sobre todos;
(3) Acha-se o mais (bonito) entre os que estão a sua volta;
(4) É altivo mais precisamente soberbo;
(5) Mostra-se incapaz de olhar para a feiúra dos seus próprios pés.

Embora se trate de um quadro apenas ilustrativo, sempre há alguém assim perto de nós, não é verdade? São pessoas que costumam ter excessivo prazer por si. Não que isso seja algo ruim, mas, somado a tal atitude, existe a atitude de depreciar com muita facilidade as pessoas que a sua volta.

Em contra partida, encontramos que a Bíblia traz algo semelhante a isso. E, todas as vezes que encontramos paralelos na Bíblia, isso deve despertar em nós, imediato interesse em procurar saber o que Deus tem a nos dizer a respeito. Neste caso, o perigo de ser apelidado e conhecido como “Crente Pavão”.

Texto: Lucas 18.10-14

Dois homens subiram ao templo, a orar; um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou, porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana e dou os dízimos de tudo quanto possuo. O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado.

Alguns destaques introdutórios e importantes devem ser feitos:
(1) Mesmo se tratando de uma Parábola, Jesus não fala de algo distante;
(2) Ele mostra que o orgulho também penetra o campo da espiritualidade;
(3) Jesus assegura que o orgulho espiritual é danoso às vias de comunhão;
(4) Por se tratar de um pecado, o orgulho tem suas facetas: há o orgulho material; há o orgulho intelectual e o pior deles; o orgulho espiritual.

Distintamente, o orgulho espiritual difere dos demais por ter “casa própria”. Ele reside no íntimo do coração. É gerado internamente, e pode levar a ruína eterna.

A nocividade do Orgulho Espiritual na vida, é que ele é a causa principal das: Discórdias; Facções; Dissensões; no seio religioso.

Quais seriam as prováveis causas que podem gerar o orgulho espiritual na vida de uma pessoa?



A primeira causa é: FALTA DE AUTO-AVALIAÇÃO. (v.10-11)
Não se sabe se estes dois judeus eram conhecidos, amigos, vizinhos ou parentes. O certo é que mesmo indo a caminho do templo, um deles se preparava para o que chamamos “trairar”. Isto é; enaltecer sua imagem depreciando a de quem bem ao seu lado estar. Sem uma demora, pessoas assim logo tomam à frente procurando expor primeiro o que pensam, fazem ou julgam como verdade ou, impróprio aos seus próprios olhos. No caso, o fariseu toma a si próprio, como régua de medição, o que é muito comum.
(v.11) Ele descreve ações que dificilmente naquela cultura, passariam impunes;
• Talvez inconformado por algo que não tinha, é que. Salmo 73.2-16
• Todas as investidas são cruéis e mortais.
(v.12) Tomando um passo mais adiante, por se achar inquestionável, ele declara a sua própria “justiça”. Isaías 64.6
• Jejua duas vezes por semana – o Jejum era um favor pessoal;
• Dizimava de tudo – o Dízimo era uma responsabilidade tanto jurídica como espiritual para todo o judeu. Malaquias 3.8-9

Atitudes que bem parecem com a imponência do pavão.
Incapaz de olhar os pés (sua vida), o fariseu não abre oportunidade para avaliar a natureza de suas palavras. Tão pouco o que as motivavam. Por quê?

A) FIXAÇÃO DE OLHAR INAPROPRIADO.
Salmos 84.10 “Pois um dia nos teus átrios vale mais que mi...”
Quando fixamos olhar de modo inapropriado, tudo muda de sentido.
O parecer de Asafe (v.17 ”até que entrei no santuário”) parece não ter sentido algum para este fariseu. Ele chega, entra e, não muda o sentido nem o fixar do olhar.
• O lugar toma outro sentido (Templo/Tribunal);
• Pessoas têm outro valor (Semelhante/Inimigo);
• A Oferta muda de significado (Gratidão/Indenização);

B) FIXAÇÃO DE PENSAMENTO EQUIVOCADO.
Salmos 42.7 “Um abismo chama outro abismo...”.
Pode-se afirmar que um abismo já existia em sua vida. O abismo da maldade, da presunção, e do tornar coisas sagradas em profanas.
• No momento da adoração, acusações não são cabíveis;
• No momento da adoração, avaliações alheias também não.

Isso ocorre quando o Orgulhoso Espiritual está instalado na pessoa. Ela se nega a fazer uma auto-avaliação dos seus próprios atos.
I Coríntios 11.28 “Examine-se, pois, o homem a si mesmo...”
II Coríntios 13.3-6 “Examinai-vos a vós mesmos, se permaneceis na fé..."
O termo “examinar”, traz a idéia de “apurar, atestar” ação comum entre ourives.
I Coríntios 3.12 “Contudo, se o que alguém edifica sobre o fundamento é...”

Implicações: Para Deus o critério de avaliação humana é inapropriado.
Cuide para que a preocupação com outros, não te impeça de oferecer a sua oferta.

A segunda causa é: FALTA DE SENSIBILIDADE DE SI MESMO.
O orgulhoso espiritual transmite para a pessoa, a falsa idéia de ser inatingível. Isto é; de ver-se incapaz de errar e de contrair falhas. Por conta disto, ela credita estar num grau acima de seus semelhantes, questionando a qualquer um que cruze o seu caminho. Naquele dia, era o publicano que cruzou o caminho do fariseu.
O publicano era a vítima e por assim ser, jamais passaria despercebido.

A) OBSESSÃO EM ENCONTRAR ALGO ERRADO (Vasculha).
Embora não acuse inicialmente o publicano de negligência na falta do jejum e do dizimar, ele impetra algo pior “denuncismo” sem provas.
• Levanta suspeita;
• Insinua de modo moral (morte em vida).
Na insinuação, mesmo que seja por falta de prova, a pessoa já está sob condenação.

B) NECESSIDADE EM ENCONTRAR ALGUÉM ERRADO.
Ele diz achar o que não é; impedindo-o de ouvir o que ele pode ser!
Não achando ser suficiente, o levantar da suspeita, APONTA um culpado.
• Todos SÃO: hipócritas, imaturos, descompromissados e incapazes.

Provérbios 28.26 “O que confia no seu próprio coração é insensato.”
Romanos 7.23 “Mas vejo nos meus membros outra lei que batalha contra a lei do meu entendimento e me prende debaixo da lei do pecado...”.
Jeremias 17.9 “Enganoso é o coração, mais do que...”.

Implicação: O Orgulhoso Espiritual tem prazer em expor pecados alheios, por não parar e se envergonhar dos seus. O grande perigo por traz daquele que impetra condenação aos outros, é descobrir que carrega sobre si uma mais pesada ainda.

A última causa é: ACOMODAÇÃO E FALTA DO DESEJO DE CRESCER.
A falta do desejo de crescer evidencia-se no modo como se ORA.
É surpreendente que Jesus não menciona a falta de oração. E sim, o uso indevido!

A) ORAÇÕES DE DISCURSO FECHADO.
Na PSICOLOGIA, uma das técnicas utilizadas para desviar a culpa do paciente é: CULPANDO – O que denominam de Projeção da Imagem.
• Em orações assim o falar de Deus é nulo para a pessoa;
• Em orações assim o ouvir e o receber se mostram cauterizados.
“orava de si, para si”

B) ORAÇÕES SEM CONFISSÃO DE PECADOS.
O Orgulhoso espiritual impede a pessoa de declara-se um pecador.
• Incapacita-o de receber conselhos.
• Impede-o de ver-se como alvo da mensagem de Deus.
• Impossibilita-o de reconhecer que precisa mudar e abandonar o erro.

Implicação: Sem uma abertura no falar, até o ato de pensar é proibido.
É preferível chegar de mãos vazias diante de Deus e sair de mãos cheias, do que chegar de mãos cheias e sair de mãos vazias.

CONCLUSÃO: Como são profundas as palavras de Deus! Por traz delas, observamos que o grande prejuízo sobre o que carrega a imagem de ser um ORGULHO ESPIRITUAL, é o de ser o mais vazio de todos. Um típico crente pavão.

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