quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Pai e filho diante do mesmo espelho.



"Disse Israel a José: Já posso morrer, pois já vi o teu rosto, e ainda vives." Gênesis 46.30

Sempre que vemos casais aà vésperas da chegada de seu bebê, percebe-se que além da criança; cria-se a expectativa de verem e ouvirem com qual deles o bebê se parecerá mais; não é verdade? Por conta disso, não é difícil ouvir até “forçosamente” até como que em brincadeira, destaque de um ou outro traço que ligue a criança ao pai, a mãe ou até mesmos os dois!
Carregar os traços dos pais é possível, devido às semelhanças de genótipo, fenótipo, locus e outros elementos físicos herdados pelos pais.

Algo semelhante acontece em paralelo a outros campos da vida; como o intelectual, emocional e espiritual, que se estende da criança indo até a vida adulta. I Coríntios 11.1; Filipenses 2.2

No versículo citado acima, pode parece estranho a um pai, dizer tais palavras a seu filho,no caso de Jacó a José. Mas, se você já leu ou conhece a história deles, logo lembrará que ambos tiveram suas vidas marcadas e até mesmo interrompida no passado.
Mesmo distantes, pai e filho permaneceram unidos pelas características que um tinha recebido do outro.
Biblicamente José foi um tipo de Jesus, representando o intento de ser vendido por seus próprios irmãos e injustiçado como um estranho. Deus tinha então, muito a nos ensinar através desses dois personagens, pai e filho.

A singularidade na aparência entre pais e filhos, reside na proposta de vida que Deus lhes oferece.

Em que consiste esta singularidade?
QUE A HISTÓRIA DE UM PAREÇA COM A DO OUTRO. (v.30c “Já posso morrer...”)

O espírito por trás das palavras de Jacó é duplo. Tanto de satisfação, como de dever cumprido. Pois, suas buscas e realizações de vida, tinham chegado ao fim. Não se trata aqui de realizações mesquinhas e efêmeras, muitas vezes presentes na vida de alguns pais por coisas materiais. É como se Jacó tivesse nas mãos um grande “Quebra-cabeças” de milhares de peças e faltasse a peça de maior sentido, a que mais desejo lhe despertava, uma peça-chave, seu filho amado, José.

SUA VIDA, SEU FILHO. (Gêneses 37.1-4)
Note que no momento em que o escritor sagrado inicia o discurso falando da vida de José, ele situa-se na história de seu pai, Jacó. Alguns até podem achar que nada passou de um engano; mas o Espírito de Deus propositalmente conduzia a revelação dessa forma. Jacó tinha em José, àquilo que não pôde ter em seus outros filhos, características próprias, sinceras e espirituais.

SEUS ESFORÇOS, SEU FILHO. (Gênesis 36.3b)
“... fez-lhe uma túnica talar de mangas compridas.”

A túnica foi apenas um símbolo entre muitos outros gestos de amor e serviço compartilhado entre eles. José era um filho obediente, atencioso, disposto, amável, um confidente. Características divinas e que certamente enchem qualquer coração de pai.
Nada mais natural que Jacó trabalhasse em prol dele, algo comum a pais que amam seus filhos e querem prover para a felicidade deles. Isaías 64.4; João 5.17

Lucas 11.11 E qual o pai dentre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou também, se lhe pedir peixe, lhe dará por peixe uma serpente?
Provérbios 13.22a O homem de bem (bom pai) deixa uma herança aos filhos de seus filhos.
II Coríntios 12.14 Não devem os filhos entesourar para os pais, mas os pais, para os filhos.
Assim, não vemos nenhum excesso nas ações de um pai que bem se identifica com seu filho.

Ter diferentes histórias é ter diferentes ações. Ter diferentes histórias não constitui como o ideal de Deus, entre pais e filhos.

QUE O SENTIMENTO SE PAREÇA COM O DO OUTRO. (v.30 “... pois já vi o teu rosto, e ainda vives”.)
As palavras de Jacó externam o que estava guardado há anos em seu coração. Um anelo de esperança que por vezes e com o passar dos anos, sobreviveu tanto às aparências como as provas a ele apresentadas; algo tido como irracional e impróprio. O sentimento era assim; a dor e angústia, nasceram no mesmo instante de sua esperança, de que um dia pudesse rever a José.

SENTIU-SE ROUBADO NOS SENTIMENTOS. (Gênesis 31-35) “... recusou ser consolado...”.
José não se parecia com seus irmãos; mas a seu pai, Jacó. Na verdade os filhos de Jacó eram bem diferentes dele também. Por isso, a recusa de Jacó em ser consolado.
Treze anos se passam, mas o sentimento é o mesmo! O que nos leva a compreender que o valor de um filho é nas características deste, nos sentimentos que juntos criamos.

SENTIU-SE ROUBADO DA VIDA. (v.35c “Chorando, descerei a meu filho até a sepultura”.)
A revelação de Jacó é semelhante à de seu antepassado Abraão e de seu sucessor, Davi. Todos eles foram pais e manifestaram a crença de rever seus filhos mesmo depois de mortos. Certamente que só pode crer nisso, quem crer na ressurreição proposta pelo Messias, o Senhor Jesus. João 11.25
Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá.
A certeza é bem mais a que se atribui como “destino” comum a vivos e mortos. Na verdade, sua dor e desejo eram de mesma proporção, como já falamos. Em que o desejo deste pai era de um dia poder reencontrar seu filho, por isso nutria esse amor.
José completava a vida de seu pai, Jacó. Uma confirmação do que o salmista diz do real significado dos filhos no plano de Deus. Salmo 127.3

Singularidade nas palavras deve refletir singularidade de sentimentos; estes devem ser sinceros e puros.

QUE A VITÓRIA DE UM SEJA A VITÓRIA DO OUTRO.
Deus prepara o retorno de José ao seio de sua família. Mais precisamente ao seio de seu pai.
É bom notarmos que mesmo depois de se tornar importante, rico e bem-sucedido no que confere a uma vida bem-sucedida. José ainda guardava um valor que a tudo era superior; os laços familiares, o amor de seu pai. Gêneses 43.7
“O homem nos perguntou por nós e pela nossa parentela dizendo: vive ainda o vosso pai?”

José não se sentia vitorioso sem ter seu pai junto a si. Gêneses 43.26-27; 45.1-5
Então, José, não se podendo conter diante de todos os que estavam com ele, bradou: Fazei sair a todos da minha presença! E ninguém ficou com ele, quando José se deu a conhecer a seus irmãos. E levantou a voz em choro, de maneira que os egípcios o ouviam e também a casa de Faraó. E disse a seus irmãos: Eu sou José; vive ainda meu pai? E seus irmãos não lhe puderam responder, porque ficaram atemorizados perante ele. Disse José a seus irmãos: Agora, chegai-vos a mim. E chegaram-se. Então, disse: Eu sou José, vosso irmão, a quem vendestes para o Egito. Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos irriteis contra vós mesmos por me haverdes vendido para aqui; porque, para conservação da vida, Deus me enviou adiante de vós.

VITÓRIA PARA O FILHO ERA A DE PODER PARTILHAR DO QUE DEUS TINHA CONCEDIDO COM SEU PAI. Êxodo 20.12
Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá.
Os filhos são abençoados por Deus por honram seus pais. Enquanto, os pais são dados por Deus para receberem da honra de seus filhos se possível em vida.

VITÓRIA DO PAI É PODER ESTAR NA PRESENÇA DE SEU FILHO. Gêneses 45.9, 13, 26-28
A história toma um desdobramento muito diferente daquela que os irmãos de José tiveram quando o venderam para a caravana de ismaelitas.
As injustiças vividas e sofridas por este pai e seu filho, foram todas reunidas por Deus e transformadas em bem. Porque Deus nos ama como a filhos.

O que de bom aprendemos dos nossos pais, com eles devemos partilhar. Honrar é proporcionar de igual ou maior valor o bem que recebido.

Gostaria de finalizar, aplicando ao texto uma verdade bíblica e pessoal que tenho experimentado. Uma verdade que se bem entendida, enriquecerá os relacionamentos, quando não, causa profundas feridas em ambos, pai e filho.

Pais e filhos quando verdadeiramente se amam não se separam. Amém!

Nenhum comentário:

Postar um comentário