domingo, 12 de janeiro de 2014

O Desencantamento do Pecado.




Salmos 32.5  “Confessei-te o meu pecado e a minha iniquidade não mais ocultei. Disse: confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a iniquidade do meu pecado”.

Creio que dentre as experiências mais marcantes que uma pessoa pode ter em vida, está o seu desencantamento com o pecado. É como se numa noite agradável e tida como perfeita para dormir, simplesmente não se ache mais o tão esperado sono. É sem dúvida, um dos momentos mais nítidos, e ao mesmo tempo, mais sombrios da vida. 

De repente tudo muda, ou melhor, volta ao que de fato deveria ser! É a experiência e momento que antecede o balbuciar dos lábios  e o derramar das lágrimas para algo que o coração está prestes a dizer há muito tempo e a mente não permitia. A partir de agora o que se ouvirá realmente é a voz cristalina do Espírito de Deus, mostrando e dizendo tudo que precisa, sem qualquer outro som vir a impedir.

É assim que o silêncio ou mordaça da alma são removidos e substituídos pelo confessar dos delitos outrora cometidos sem nenhum temor. Estas são palavras do próprio rei Davi, ou de qualquer outro personagem bíblico que passou pela mesma experiência. Estas podem ser as minhas e suas palavras.

O desencantamento do pecado pode ser analisado como sendo um ajuste de vida perante Deus. Pois, certifico que sem a pessoa de Deus estar inteiramente envolvida em tal experiência, não pode haver desencantamento algum. Digo isso, com base na triste experiência descrita em Gênesis 19.26E a mulher de Ló olhou para trás e converteu-se numa estátua de sal”. Aqui vemos que o agir salvífico não é visto como próprio aos olhos da mulher de Ló, vindo esta em seguida a perecer em sua própria cegueira. O que alertadamente o Senhor Jesus faz quanto ao mesmo perigo. Lucas 17.32Lembrai-vos da mulher de Ló”.  Assim, afirmamos que o desencantamento do pecado não pode ser alcançado sem a soberana intervenção do Senhor em graça e misericórdia.

É possível dizer então, que o desencantamento do pecado se faz pelo sincero e profundo desejo da pessoa movida pela ação de Deus, em não mais se envolver com o que até então estava envolvida, seja em que pecado e qualquer natureza sejam. É assim que Davi descreve tal intenção “Confessei-te o meu pecado...”.

Também é possível dizer que o desencantamento do pecado é acompanhado por tristeza e dor oriundos da própria alma. Uma dor que conforme palavras do salmista não se iguala, a qualquer de outra natureza. Uma dor que se interlaça com vergonha e temor íntimo, não necessariamente público. Uma dor que só pode ser diminuída ao passo que a confissão é processada e o perdão e recebido pela pessoa, conforme está em I João 1.9Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”.

O desencantamento do pecado vem com a firme decisão de não mais cometê-lo. Aqui penso que o desencantamento tem o mesmo grau de nitidez do chamado a salvação por Jesus Cristo. Talvez a isso, você possa estar achando que tal afirmação ou associação venha diminui o conhecer a Cristo como Salvador. O que desde já quero assegurar-lhe que estamos tratando da mesma experiência, só que em perspectiva ou olhar diferentes.

Creio e vejo em muitas passagens bíblicas, que o desencantamento do pecado ocorre tanto na hora em que o pecador é convertido, no ato e chamado de Cristo, como em momento e hora em que já convertido, confessa os seus pecados e decide abandoná-los, como é o caso de Davi.

Vejo como oportuno, pensarmos melhor na maneira como vemos e tratamos as pessoas, antes e depois de alcançadas para Cristo, sejam elas de qualquer nível e posição estejam, pelo prisma que já tomamos e ainda poderemos tomar o seu lugar em momento de infortúnio. Para o Senhor, que é o que realmente importa, elas não deixam de valer nem antes e nem depois de alcançadas. São valiosas em ambos os momentos da vida. Pois, o Deus que as salvam é o mesmo que as sustentam em cada momento da vida, até nos momentos de possíveis quedas e fracassos, como é o caso de Sansão, Josué (Zacarias 3.3-4), Isaías (6.5) Pedro, o próprio rei Davi e tantos outros. Romanos 8.38-39
O desencantamento do pecado leva a pessoa que o experimenta, quer pela própria experiência de vida ou pela sincera compreensão da graça e da misericórdia de Deus sobre si, a um estágio mais elevado, não intransigente ou de exclusão, mas, totalmente voltado para o senhorio de Jesus Cristo em sua vida. Muda a maneira de ver, pensar e de agir. Tudo é mudado. Nesse aspecto, o desencantamento do pecado leva a pessoa a estar centrada mais nas coisas que agora realmente importam nesta vida, sua comunhão com Deus, seu amor e desejo de alcançar para Cristo o próximo, seu bem estar com a família e o seu serviço perante o Senhor e a sua Igreja. 

O desencantamento do pecado não leva a um desencantamento com a vida, antes, a pessoa procurará servir ao Senhor em todo o momento e formas, pois, até então, ela só servia a si e aos prazeres deste mundo, ao seu próprio pecado. É bom lembrarmos que de todas as vezes que o Senhor enviou Moisés para falar a Faraó que libertasse ao povo, o servir e o adorar estavam sempre implícito ao único Deus verdadeiro. Toda libertação de vida e de alma visa uma consagração exclusiva ao Senhor. Êxodo 3.18; 4.22-23; 5.1; 8.1,8,20,25,27;9.1,13; 10.3, João 8.36; Efésios 1.6,12 e I Pedro 2.9

O desencantar do pecado é uma obrigação a todo o crente. Seja no inicio ou decorrer da vida cristã. Não é, portanto, um absurdo quando ocorre; é pura graça do Senhor. Por isso, procure vivê-la e quando possível, acolher os que da mesma experiência estão vivendo. 
Estas, são palavras de amor e apoio a amados irmãos que precisam do meu e nosso apoio. E que Deus nos abençoe!

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Faces da Rejeição


Em comum, procura-se evitar a todo o custo ser rejeitado por qualquer motivo. Mas, a rejeição é tão forte e cotidiana à vida das pessoas que se diz que Deus, só não é rejeitado por completo pelos homens, pelo medo dos mesmos ao inferno. A verdade é que muito do medo de ser rejeitado não se confirmará, mas, em outros aspectos possivelmente sim. Acrescento que em alguns casos, deveríamos até aceitar com alegria o ser rejeitado e rejeitar também em determinadas situações.
Texto: Lucas 2.1-7.
Conforme o texto, somos introduzidos aos dias e horas que antecedem o nascimento de Jesus e as muitas formas que ele seria rejeitado, mesmo antes de nascer. Mas, o que pode parecer acaso ou força do destino, melhor e mais prudente é vermos pelo olhar da soberana mão de Deus, trabalhando nos fatos e de todos os modos até na própria rejeição a seu Filho unigênito.
O primeiro modo de trabalhar foi por uma ação PROFÉTICA. (vv.1-5)
O decreto de César Augusto, bem como o recenseamento nos dias de Quirino, governador da Síria, não ocorreu por força e vontade dos mesmos, como pode parecer. Tudo que a partir daí passaria a acontecer, seria então força da ação profética. 
Essa ação foi vista pelo apóstolo Paulo e assim traduziu como assegurada a ação de Deus.
Gálatas 4.4  vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei.
Na força profética ou de providência, vemos um fato histórico sendo estabelecido em submissão ao soberano Deus, embora não se atribua a Ele o mesmo. E, não importa pois, pouca diferença fará.
UMA FORÇA PODEROSA. (vv.3-4)  
Submissos a ação de Deus estão todos. Ninguém poderia contrariá-la. Nem mesmo José, um pai amoroso e responsável com a sua esposa Maria e ao próprio menino Jesus, tinha que sair do cômodo lugar que estava Nazaré, e se aventurar a uma jornada difícil e sacrificial a todos. Mas, ignorar a ação profética e enfrentar a força do império seria impossível.
É oportuno recorrer a várias passagens de cunho profético no Antigo Testamento que provam essa ação de Deus sobre as ações humanas.  
Isaías 7.14  Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel”.  
Miquéias 5.7E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade”. 
UMA FORÇA SOBRE TODAS. (v.6)
Gênesis 3.16E à mulher disse: Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio de dores darás à luz...”. 

Não se pode esquecer desta importante profecia. 
Mesmo que agora, se trate da mãe do nosso Salvador. É assegurada na Bíblia, a condição de bem-aventurada “agraciada” por ter sido escolhida por Deus dentre todas, para ser a mãe do menino Jesus, tendo a concepção pelo poder e obra do Espírito Santo. 
Fora isso, tudo se daria com naturalidade e sem privilégios; como a todas as mulheres após a queda do primeiro casal. A doutrina de imaculada não se sustenta, por falta de evidências e pelas próprias evidências contrárias a esse ensino.
O que lemos então, é um casal humilde e apertado pela força de um decreto, num eminente nascimento e numa dura jornada a ser feita, mesmo que por apenas oito quilômetro, num lombo de um jumentinho.
A rejeição a  Jesus foi providenciada por várias circunstâncias alheias ao poder e decisão de seus pais. A rejeição também aparece como força do pecado em suas consequências. A rejeição é providencial porque em Nazaré, não era o local ideal para o menino Jesus nascer, a cidade não era a cidade do Rei de Davi. Como ficou claro que José era da linhagem real (Casa e Família de Davi).

O segundo modo de trabalhar foi pela ACESSIBILIDADE. (v.7)                                  “Ela deu à luz o seu filho primogênito, enfaixou-o e deitou numa manjedoura”.

Forçados a saírem de Nazaré para Belém, jornada delicada e custosa pelas circunstâncias do parto e por outras não reveladas, nos dão conta que o casal encontrou dificuldades para chegar a tempo de obterem um lugar entre as hospedagens e casas. Até mesmo de possíveis parentes que ainda viviam lá, mas, que nada puderam fazer por eles.

FOI UM ATRASO PROVIDENCIAL.
Era costume ter reservas de pequenos quartos para viajantes e pessoas humildes, uma ação social da época. Mas, como comum até aos dias atuais, pega tais lugares quem primeiro chega. Logo, eles não chegaram a tempo de concorrer a uma dessas poucas vagas.
PARA UM LUGAR ACESSÍVEL AOS HUMILDES, POR SER HUMILDE.
Salmos 89.19  Outrora, falaste em visão aos teus santos e disseste: A um herói concedi o poder de socorrer; do meio do povo, exaltei um escolhido.
Considere haver uma “super” lotação ou simplesmente falta de quartos disponíveis. 
Certo é, que lugares cheios não ofereceriam ao nascimento do menino Jesus, acesso aos que o visitariam logo que nascesse. Pessoas pobres, porém, preparadas e trazidas pela mão poderosa do Pai.
Sabe-se também que príncipes e nobres, costumam nascer em palácios e longe do povo. Mas, segundo palavras do salmista, Jesus teria que nascer dentre o povo; melhor interpretar como tirado do povo. Daí, o lugar não poderia oferecer nenhuma dificuldade para quem quer que fosse. Pois, Jesus é o rei dos humildes e pecadores, tirado do meio do povo humilde e esquecido pelos ricos e autoridades da época.
PASSE LIVRE PARA O SALVADOR E REI.                                                Quanto custaria ver um herdeiro real naquela época? Quais obstáculos existiriam para chegar perto de um herdeiro do Império romano naquela ou em nossa época?
Quanto se sabe dos pastores terem pago ou até os magos, para verem ao menino Deus? Os presentes trazidos pelos magos do Oriente deixariam de assim ser se fossem pagamento ou ingresso para verem a Jesus.
O convite do Rei Jesus, desde cedo deveria constar da mesma natureza, acesso.  
Mateus 11.28 Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei”.
Não deve haver nenhum obstáculo para chegar a Jesus e reconhece-lo como Senhor e Salvador. Se Deus removeu os obstáculos que bem poderiam excluí-lo, não seja você o primeiro a cria-los. A rejeição se daria em parte pela condição e acesso do menino rei nascer.

Hebreus 7.25  Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.
UM MODO INDIGNO DE SE NASCER.
Não se tem qualquer conhecimento que nascer em estábulos, fosse um tipo de moda adotada na época. Tão pouco que os que neste lugar nascessem, fossem vistos pelos demais de modo elevado.
NASCIDO NUMA MANJEDOURA.
Não era um berço de ouro nem tão pouco de madeira lapidada. Era simplesmente uma manjedoura, nome dado ao tabuleiro de madeira ou pedra em que se colocava a comida dos animais. Nascer e logo ser colocado num lugar desse, certamente não trazia nenhum prestígio. E de fato não trouxe.
Um lugar indigno? Sim! Para mostrar uma indignidade ainda maior. 
Até esse momento, qual ação de dignidade se observou no texto por parte das pessoas para receber a Jesus? Qual modo ou ação de sensibilidade se demonstrou a uma jovem senhora grávida e prestes a dar a luz? Qual a mão foi estendida a um casal de viajantes? A todas essas perguntas a mesma resposta, nenhuma! Sim, nenhuma benevolência ou misericórdia. Frutos de um coração sensível e que observa os mandamentos de Deus.

O CORAÇÃO É O LUGAR MAIS INDIGNO.
As vestes reais que toda criança recém-nascida é posta. Ou mesmo as vestes reais que príncipes, nobres e reis costumam vestir em nada muda o produto de seus corações.
Basta lembrar de Faraó, quando decidiu aniquilar toda criança nascida que fosse macho. Ou até mesmo do rei Herodes, que decretou a grande e cruel matança de toda criança de menos de dois anos. Talvez, algo mais recente como Hitler ou mesmo do cruel Sadan, Bashar al assad. Que dignidade pior existe? De nascer numa estrebaria ou ser colocado numa manjedoura? Certamente que não. A maior indignidade é vista de dentro para fora e não o contrário! A rejeição a Jesus foi pura indignidade de coração.
UM LUGAR QUE NOS HUMILHA E NOS CONVIDA A SE HUMILHAR PERANTE JESUS.
Descer a posição de animais seria para muitos um insulto. Mas, as ações que citamos e os nomes que apresentamos, de certo é que humilha a muitos dos animais. Pois, crueldade tal não se vê nem no reino selvático com tanto desamor.
O lugar é de desprezo só até ao ponto de não olharmos atentamente que indigno somos nós, a tão graciosa prova de amor.

Romanos 5.8Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores”. 
CONCLUINDO, a história chega ao ponto de levar a uma entre duas decisões. Ou continuar a rejeitar, a todas as provas de amor e benevolência. Ou de tomar o lado de ser rejeitado pela nova visão de si mesmo e do menino Jesus, crescido e declarado Rei e agora Salvador. 
Lucas 2.7  e ela deu à luz o seu filho primogênito, enfaixou-o e o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria”.
Ser rejeitado nem tanto é o problema. O problema é rejeitar as inúmeras ofertas que por Deus são oferecidas através do menino Jesus, no decidido desejo de remir de toda a maldade e pecado.
Uma vez não mais um menino apenas, Jesus deixa bastante claro que a rejeição é parte da vida e vai continuar. Sendo que melhor será passar ao seu lado, rejeitado pelos homens e por todo o mundo e não mais por Deus.      
                          
João 17.14-16
Eu lhes tenho dado a tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, como também eu não sou. Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal. Eles não são do mundo, como também eu não sou.