Salmos 32.5
“Confessei-te o meu pecado e a minha iniquidade não mais ocultei. Disse:
confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a iniquidade do
meu pecado”.
Creio que
dentre as experiências mais marcantes que uma pessoa pode ter em vida, está o
seu desencantamento com o pecado. É como se numa noite agradável e tida como perfeita
para dormir, simplesmente não se ache mais o tão esperado sono. É sem dúvida,
um dos momentos mais nítidos, e ao mesmo tempo, mais sombrios da vida.
De repente
tudo muda, ou melhor, volta ao que de fato deveria ser! É a experiência e
momento que antecede o balbuciar dos lábios e o derramar das lágrimas para algo que o
coração está prestes a dizer há muito tempo e a mente não permitia. A partir de
agora o que se ouvirá realmente é a voz cristalina do Espírito de Deus,
mostrando e dizendo tudo que precisa, sem qualquer outro som vir a impedir.
É assim que
o silêncio ou mordaça da alma são removidos e substituídos pelo confessar dos
delitos outrora cometidos sem nenhum temor. Estas são palavras do próprio rei Davi,
ou de qualquer outro personagem bíblico que passou pela mesma experiência. Estas
podem ser as minhas e suas palavras.
O
desencantamento do pecado pode ser analisado como sendo um ajuste de vida
perante Deus. Pois, certifico que sem a pessoa de Deus estar inteiramente envolvida
em tal experiência, não pode haver desencantamento algum. Digo isso, com base
na triste experiência descrita em Gênesis
19.26 “E a mulher de Ló olhou para
trás e converteu-se numa estátua de sal”. Aqui vemos que o agir salvífico
não é visto como próprio aos olhos da mulher de Ló, vindo esta em seguida a
perecer em sua própria cegueira. O que alertadamente o Senhor Jesus faz quanto ao mesmo perigo. Lucas
17.32 “Lembrai-vos da mulher de Ló”.
Assim, afirmamos que o desencantamento do
pecado não pode ser alcançado sem a soberana intervenção do Senhor em graça e
misericórdia.
É possível
dizer então, que o desencantamento do pecado se faz pelo sincero e profundo
desejo da pessoa movida pela ação de Deus, em não mais se envolver com o que
até então estava envolvida, seja em que pecado e qualquer natureza sejam. É
assim que Davi descreve tal intenção “Confessei-te
o meu pecado...”.
Também é possível
dizer que o desencantamento do pecado é acompanhado por tristeza e dor oriundos
da própria alma. Uma dor que conforme palavras do salmista não se iguala, a
qualquer de outra natureza. Uma dor que se interlaça com vergonha e temor
íntimo, não necessariamente público. Uma dor que só pode ser diminuída ao passo
que a confissão é processada e o perdão e recebido pela pessoa, conforme está
em I João 1.9 “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar
os pecados e nos purificar de toda injustiça”.
O
desencantamento do pecado vem com a firme decisão de não mais cometê-lo. Aqui penso
que o desencantamento tem o mesmo grau de nitidez do chamado a salvação por
Jesus Cristo. Talvez a isso, você possa estar achando que tal afirmação ou
associação venha diminui o conhecer a Cristo como Salvador. O que desde já
quero assegurar-lhe que estamos tratando da mesma experiência, só que em
perspectiva ou olhar diferentes.
Creio e
vejo em muitas passagens bíblicas, que o desencantamento do pecado ocorre tanto
na hora em que o pecador é convertido, no ato e chamado de Cristo, como em
momento e hora em que já convertido, confessa os seus pecados e decide
abandoná-los, como é o caso de Davi.
Vejo como
oportuno, pensarmos melhor na maneira como vemos e tratamos as pessoas, antes e
depois de alcançadas para Cristo, sejam elas de qualquer nível e posição estejam, pelo prisma que já tomamos e ainda poderemos tomar
o seu lugar em momento de infortúnio. Para o Senhor, que é o que realmente importa, elas não deixam de valer nem antes e nem
depois de alcançadas. São valiosas em ambos os momentos da vida. Pois, o Deus
que as salvam é o mesmo que as sustentam em cada momento da vida, até nos
momentos de possíveis quedas e fracassos, como é o caso de Sansão, Josué (Zacarias 3.3-4), Isaías (6.5) Pedro, o próprio rei Davi e tantos
outros. Romanos 8.38-39
O
desencantamento do pecado leva a pessoa que o experimenta, quer pela própria
experiência de vida ou pela sincera compreensão da graça e da misericórdia de Deus
sobre si, a um estágio mais elevado, não intransigente ou de exclusão, mas, totalmente
voltado para o senhorio de Jesus Cristo em sua vida. Muda a maneira de ver,
pensar e de agir. Tudo é mudado. Nesse aspecto, o desencantamento do pecado
leva a pessoa a estar centrada mais nas coisas que agora realmente importam
nesta vida, sua comunhão com Deus, seu amor e desejo de alcançar para Cristo o
próximo, seu bem estar com a família e o seu serviço perante o Senhor e a sua
Igreja.
O desencantamento do pecado não leva a um desencantamento com a vida,
antes, a pessoa procurará servir ao Senhor em todo o momento e formas, pois,
até então, ela só servia a si e aos prazeres deste mundo, ao seu próprio
pecado. É bom lembrarmos que de todas as vezes que o Senhor enviou Moisés
para falar a Faraó que libertasse ao povo, o servir e o adorar estavam sempre implícito ao único Deus verdadeiro. Toda libertação de vida e de alma visa uma consagração exclusiva ao Senhor. Êxodo
3.18; 4.22-23; 5.1; 8.1,8,20,25,27;9.1,13; 10.3, João 8.36; Efésios 1.6,12 e I Pedro 2.9
O
desencantar do pecado é uma obrigação a todo o crente. Seja no inicio ou
decorrer da vida cristã. Não é, portanto, um absurdo quando ocorre; é pura
graça do Senhor. Por isso, procure vivê-la e quando possível, acolher os que da
mesma experiência estão vivendo.
Estas, são palavras de amor e apoio a amados irmãos que precisam do meu e nosso apoio. E que Deus nos abençoe!
Estas, são palavras de amor e apoio a amados irmãos que precisam do meu e nosso apoio. E que Deus nos abençoe!